As entidades que prestam assistência técnica aos assentamentos da reforma agrária na Paraíba estão investindo na capacitação de grupos de mulheres assentadas. Mini-cursos, seminários e fóruns vêm reunindo assentadas de diversas regiões do estado para discutir fontes alternativas de geração de renda, a exemplo do artesanato e da produção de salgados, bolos e doces, caprinocultura, técnicas de comercialização e agroindustrialização. De acordo com a assistente social Liana Rocha, da assistência técnica do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) na Paraíba, as atividades que vêm sendo desenvolvidas pelas entidades que atendem os assentamentos apresentam reflexos não apenas no aumento da renda das famílias assentadas e na ocupação feminina. “A participação das assentadas nestes eventos contribui, principalmente, para aumentar a autoestima delas, bem como o seu empoderamento no âmbito da relação familiar, contribuindo sobremaneira para a cidadania dessas mulheres”, afirmou.
O evento mais recente reuniu aproximadamente cem mulheres de 16 assentamentos do brejo paraibano no Assentamento São Domingos, no município de Bananeiras, a cerca de 140 km de João Pessoa. Durante os dias 17 e 18 de setembro elas participaram de uma capacitação sobre geração de renda e de uma palestra sobre desenvolvimento da agroindústria familiar.
Na atividade, promovida pela Assessoria de Grupo Multidisciplinar em Tecnologia e Extensão (Agemte), que presta assistência técnica a assentamentos do Incra-PB, as mulheres discutiram pontos como o planejamento, a organização e a gestão da produção, bem como a comercialização dos produtos.
As assentadas também participaram de uma palestra ministrada pelo técnico em agroindústria Ivan Sérgio sobre Boas Práticas de Higienização aplicadas a toda a cadeia produtiva, desde a produção dos alimentos até o consumidor final. Foram enfatizados os cuidados necessários à obtenção de alimentos inócuos e saudáveis nas fases da colheita, preparo, processamento, embalagem, armazenagem, transporte, distribuição e venda.
No segundo dia de atividades, foram realizadas oficinas de culinária para capacitar as assentadas para a produção de bolos, doces, trufas e cocadas – alimentos que podem ser fornecidos ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e ao Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) do Governo Federal. As assentadas trocaram experiências, expuseram produtos que já geram renda para os assentamentos e participaram de atividades culturais e sorteios.
Para permitir a participação das assentadas que não tinham com quem deixar seus filhos, a entidade prestadora de assistência técnica destinou um espaço no local onde foi ministrada a capacitação para a distração das crianças, que ficou aos cuidados de duas educadoras da comunidade.
“As assentadas ficaram muita satisfeitas com os temas trabalhados nesses dois dias de atividades e felizes em poder participar de uma capacitação fora da comunidade onde vivem, porque muitas mulheres deixavam de participar das atividades realizadas pela equipe técnica pois precisavam ficar em casa tomando conta dos filhos”, disse a engenheira agrônoma Soraya Henrique Almeida, da coordenação da Agemte.
Outros assentamentos também estão colhendo os frutos do fortalecimento de grupos de mulheres assentadas, como o Assentamento Massangana I, no município de Cruz do Espírito Santo, a 23 km de João Pessoa. Dos R$ 242 mil que o assentamento vai receber em troca do fornecimento de alimentos para o PAA este ano, R$ 54 mil virão do trabalho de dois grupos de mulheres que reúnem 30 assentadas e serão responsáveis pela preparação de 6.561 kg de bolos e 3.745 kg de doces em quatro meses.
Atualmente, o Incra na Paraíba conta com cinco entidades prestadoras de assistência técnica. São 110 técnicos que trabalham com 9.295 famílias em 196 dos 281 assentamentos do estado.
Rita Bizerra, com assessoria
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