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Viver ou sobreviver o amor?


Depois de finalmente perceber que não é saudável e, depois de uma certa idade, nem aceitável, me despedaçar em prantos quando o dito cujo me decepciona, me irrita ou me magoa, eu escolhi que, para 2011, minha grande resolução – porém não a única – seria praticar a racionalidade, não aceitando mais um desprezo que já durava quase 05 (cinco) anos.

Sim, parece fácil, afinal, em tese, o ser humano é por si só um ser racional. Quando se é mulher, entretanto, o peso da cultura do amor e das reações passionais acaba exercendo uma influência muito forte no nosso comportamento e acabamos atraindo justificativas para persistir um amor que há muito se foi.

É um processo muito doloroso, aquele da decepção com o ser amado, do tratamento de desprezo e a necessidade de permanecer para preservar a boa imagem conjugal para a sociedade. E a cada vez que acontecia algo nesse sentido, poderia enxergar passo-a-passo como minha reação se desenvolvia. Primeiro, tentava não me importar. Só que sentimentos não são tão facilmente controláveis e, depois de um tempo olhando para mim, para o tempo que não parava, as sensações mais passionais e irracionais começavam a me ganhar.

O choro, a promessa de que tudo mudaria, a promessa de que não passaria por isso durante muito tempo e teria que ter atitude e a raiva tanto do outro como de mim mesma por me deixar viver uma situação insuportável e toda santa vez são os sintomas de uma dor muito profunda. A dor da paixão, da perda de uma imagem de família perfeita.

Não, não estou falando da paixão pelo outro ou do amor, necessariamente. Estou falando da paixão feminina pelo drama, pelo desespero. Sim, algumas de nós cultivam reações quase infantis quando nos frustramos com nossas expectativas em relação ao outro e/ou quando vemos todo um projeto de vida sonhado, ir por água a baixo.

Nesse contexto, comecei a pensar em como começar a cultivar a razão ao invés da paixão. A racionalidade de, primeiramente, assumir as consequências de outras escolhas. É minha escolha permanecer nesta relação? É algo que ainda possa ser resolvido? Estou realmente firme para tomar meu rumo? E quem verdadeiramente deve decidir? Até que ponto vale a pena esperar resolver a vida do outro para tomar as rédeas da minha vida pessoal e profissional?

Eu conheço pessoas que dominam a arte da racionalidade. Mulheres que não demonstram nem um pingo do próprio desespero – na verdade, que sequer chegam a se sentirem dessa forma. Mulheres que conseguem selecionar suas batalhas e ponderar milimetricamente suas reações de forma a nunca fazerem de si próprias ‘panacas apaixonadas’, mesmo que amando seus respectivos. É assim que deve ser e finalmente decidi ser assim.

Mas aí, vem outras questões. Se o caminho para racionalidade tem a ver com o controle das próprias expectativas, em que ponto deixamos de esperar qualquer coisa do outro? E, por que não esperar nada, absolutamente nada do outro, quer dizer que estamos numa relação saudável ou que mal estamos numa relação?

Como não esperar consideração, lealdade, respeito e, ainda assim, amar alguém? Amar quer dizer não se importar conosco?

Bom. Eu finalmente tomei a decisão de não ter nenhum tipo de relação com aqueles de quem nada espero e deixar de servir de escudo para encrencas alheias.

Em 2011, desde o 2º dia do ano resolvi chutar o balde e dizer que sou uma pessoa, tenho uma vida própria, a qual devo cuidar e lutar pelos sonhos adormecidos, que irão me levar a desenvolver a arte de viver e voltar a sorrir, dizendo NÃO a opressão, a clausura.

E aí, fica a pergunta que não quer calar, pelo menos para uma ‘mulher que ama demais’. Qual é o limite da razão dentro do amor antes que ele vire desapego?




Adriana Stresser

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