A deputada grega Sofia Sakorafa, expositora do seminário "Especulação e Crise Financeira, Integração Financeira Regional e Auditoria da Dívida Pública", realizado nesta quinta-feira (6) na Câmara, defendeu que seu país adote políticas antineoliberais para conseguir sair da grave crise econômica na qual se encontra atualmente.
"A situação mudou de uma hora para outra e os cidadãos não têm culpa. É imoral e desonesto querer que os cidadãos paguem os oportunistas", afirmou a parlamentar, referindo-se aos grandes bancos e agentes do setor financeiro, que seriam os responsáveis pela crise, na sua opinião.
Sofia, que integrou o Partido Socialista (PASOK) - partido do governo - e hoje é independente, afirmou que a soberania da Grécia está sendo desrespeitada pelas instituições financeiras. "O que está acontecendo na Grécia agora é que a política está sendo imposta pelo FMI e pelo Banco Central Europeu. O que queremos é inverter isso", declarou a parlamentar.
A deputada elogiou a auditoria da dívida externa feita no Equador, por iniciativa do governo daquele país, e considerou acertadas as medidas adotadas pelo Brasil para enfrentar a crise econômica de 2008/2009. "Foi uma tática muito certa e é algo semelhante a isso que deveríamos fazer na Grécia. Não queremos nos privar das nossas riquezas para que o dinheiro vá para os bolsos dos banqueiros. Queremos que o mercado se movimente através dos nossos recursos para que possamos sair dessa crise o mais rapidamente possível", disse.
Na opinião do deputado Paulo Teixeira (PT-SP), líder do PT na Câmara, a Europa está em situação difícil porque optou por medidas neoliberais para combater a crise econômica. "O Brasil adotou uma política alternativa ao receituário neoliberal, estimulando o mercado interno e reforçando os investimentos públicos, e conseguiu superar de forma rápida e efetiva a crise de 2009. Muitos países da Europa estão enfrentando graves crises por conta da política neoliberal, que protege os mercados e penaliza os cidadãos e cidadãs", avaliou Teixeira.
Já o deputado Luiz Couto (PT-PB) enalteceu a postura da parlamentar e se disse solidário à população da Grécia e da Europa. "Os trabalhadores gregos não podem pagar a conta de uma crise gerada pelos bancos e especuladores financeiros. Sou completamente solidário à luta do povo grego e de outros países da Europa para fazerem valer os seus direitos diante das dificuldades criadas pela falta de regulamentação do sistema financeiro", defendeu Couto.
O seminário foi realizado pelas comissões de Finanças e Tributação; de Direitos Humanos e Minorias; e de Relações Exteriores e de Defesa Nacional. Também foram expositores o belga Eric Toussaint, presidente do Comitê pela Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM); o equatoriano Pedro Paez, ex-ministro do Desenvolvimento Econômico do Equador; e a brasileira Maria Lucia Fattorelli, coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida.
Rogério Tomaz Jr. com Carta Maior
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