Em sua coluna no jornal Folha de S.Paulo, a ex-senadora e ex-Ministra do Meio Ambiente Marina Silva escreve sobre as três ganhadoras do Prêmio Nobel da Paz de 2011. Leia trechos selecionados:
"Ainda reverbera o anúncio do Nobel da Paz deste ano para três mulheres. As ganhadoras, duas africanas e uma iemenita, são oriundas de países cuja cultura e códigos religiosos acentuam valores que atribuem às mulheres um papel social diminuto, baixo status e, em decorrência, cultivam a submissão delas aos homens.""As três têm histórias de vida extraordinárias, cujo traço comum é a resistência pacífica a regimes políticos antidemocráticos e a superação de uma condição feminina de servidão em seus países."
"Tawakkul Karman e Leymah Gbowee acrescentam a suas biografias uma capacidade notável de elaborar e desenvolver estratégias inovadoras e mais femininas de participar da política. Para se proteger, a iemenita foi acampar numa praça e defender suas causas, em situação de extrema exposição e fragilidade."
"A presidente Ellen Johnson Sirleaf, inesperadamente, ganhou as eleições de 2005 contra George Weah, herói local, eleito em 1995 o melhor jogador de futebol do mundo. Tornou-se a primeira mulher chefe de Estado na Libéria, como no continente africano."
"Por seu lado, Leymah Gbowee liderou um movimento de mulheres de todas as religiões, vestidas de branco em oração pela paz. O gesto mais incisivo dessa atuação pacífica foi a suspensão da prática sexual até que as guerras cessassem. Com isso conseguiram ser parte na negociação política do país."Olhando a trajetória das três ganhadoras, podemos dizer que neste ano foi premiada a forma menos cartesiana de fazer política, que combina uma enorme capacidade de resistência com estratégias de envolvimento e constrangimento éticos. Uma forma menos destrutiva e mais possibilitadora do fazer político."
Rita Bizerra, com PG
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