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Mulheres ganham espaço e cargos estratégicos

Martha Rocha assumiu chefia da Polícia Civil do Rio nesta semana.
Outros exemplos de mulheres em posição de chefia que conquistaram o mais alto comando em outros 4 estados do Brasil.
O Rio de Janeiro nomeou nesta semana uma mulher para chefiar a Polícia Civil. Uma mulher vai chefiar também as Unidades de Polícia Pacificadora. E o caso delas não é único nas polícias brasileiras. Veja mais exemplos em outros quatro estados.
Martha Rocha assumiu a chefia da Polícia Civil do Rio no lugar de Allan Turnowski, que deixou o cargo após uma operação que investiga denúncias de corrupção na instituição.
Martha é a primeira mulher a ocupar o cargo no Rio. Segundo a Polícia Civil, além de Martha, mais de 35 mulheres assumem o controle de delegacias do estado.
Na Polícia Militar, três mulheres comandam batalhões. Além disso, todas as Unidades de Polícia Pacificadora serão coordenadas por uma figura feminina.
“Acho que é uma mudança mesmo de paradigma. Acho que talvez há cinco anos você não pensasse em ter uma mulher presidente, talvez há cinco anos você não pensasse em ter uma mulher chefe de polícia. Daqui a pouco vai deixar de causar espanto, vai deixar de ser diferente. Quando esse dia chegar vai ser muito bom. Acho que ao longo de nossa carreira estamos nos preparando e nos qualificando para essa situação”, afirmou Martha.
A delegada entrou na Polícia Civil em 1983 e começou sua carreira policial como única mulher no plantão da 14ª DP (Leblon). Ela foi titular ainda de outras cinco delegacias, inaugurou a Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), em Campo Grande, na Zona Oeste, e também esteve à frente da DEAM, no Centro da cidade. Em 1999, Martha ocupou o cargo de subchefe de polícia e atuou como corregedora de polícia.
Martha tem 51 anos, não é casada e não tem filhos. “Não estou nesse cargo porque sou mulher. Ser a primeira mulher aumenta a minha responsabilidade. A Polícia Civil e os meus policiais me recebem muito bem. Não há a menor perspectiva de ter qualquer tipo de resistência”, disse.

Chefe de Polícia Civil de Sergipe Katarina Feitosa

Lima Santana(Foto: Polícia Civil de SE/Divulgação)Chefe de Polícia Civil também é uma mulher em Sergipe
O Estado de Sergipe também tem desde terça uma mulher no comando de Polícia Civil. Katarina Feitosa Lima Santana, de 37 anos, é delegada há 10 anos e chefiou toda a segurança da capital, Aracaju.
“Eu vejo com naturalidade uma mulher assumir postos-chave e de comando no Brasil. Não é uma questão de competição com os homens, mas de mostrar a nossa capacidade. Temos condição de mandar e de mostrar bons resultados, sim”, diz Katarina, que é casada e tem um filho de 10 anos de idade.
A delegada diz que nunca sofreu preconceito ou foi desrespeitada por subordinados homens.
“Acho que para os homens passa a ser algo natural ser comandado por uma mulher. Eles cresceram sendo educados pela mãe, depois têm de respeitar a namorada, a mulher. Nunca houve resistência ao meu comando por ser mulher, muito pelo contrário”, afirma a delegada.
Por ter sido corregedora da Polícia Civil sergipana, Katarina diz que “conhece bem as mazelas da polícia. “Sei bem os problemas que tenho que atacar e que rumo dar à polícia. Vou trabalhar para diminuir ainda mais os índices criminais e conto com o apoio de todos os meus subordinados”, diz.

São Paulo

O comando da segurança de 79 cidades na região de Sorocaba, no interior de São Paulo, também está nas mãos de uma mulher. A coronel Fátima Ramos Dutra, de 46 anos, chefia 5 mil homens.
“A cada dia as mulheres estão sendo mais reconhecidas por seu potencial de liderança. Deixamos de ser apenas responsáveis por posições de apoio, para galgar postos importantes”, diz a coronel.
Para Fátima, que não é casada e nem tem filhos, “as mulheres têm condições de percepção diferentes das dos homens”. “Temos um olhar diferente sobre os fatos, somos mais emotivas e procuramos entender o outro. Acho que pelas próprias características naturais da mulher, temos uma tendência de ouvir mais e refletir antes de tomar uma decisão”, explica a oficial.
Na PM há 61 coronéis e apenas três mulheres. Fátima é uma delas, mas a única que integra o Alto Comando da corporação - um grupo seleto de 26 pessoas que decide os rumos da segurança pública do estado.
“Sou exigente com homens e mulheres da mesma forma. Temos princípios institucionais e legais que devem ser cumpridos. Não tolero nada errado”, afirma a coronel. Ela ingressou na PM paulista como soldado junto com a irmã, que hoje é sargento e trabalha na capital.

Minas Gerais

A subchefe do Estado Maior de Minas Gerais, coronel Luciene Magalhães de Albuquerque, de 48 anos, se dedica há três décadas à Polícia Militar (PM). Em 1981, quando entrou na corporação, fazia parte de uma minoria.
Dois anos mais tarde, foi aprovada no concurso para oficial, juntamente com outras quatro mulheres. “Nesta época, era novidade para a instituição, que era 100% masculina”, destacou Luciene.
A coronel afirmou ainda que a entrada das militares humanizou a corporação por causa da habilidade de relacionamento. “A humanização é mais necessária do que a força física, que é adquirida com o tempo”, justificou.
De acordo com Luciene, em 1992, ela comandou uma tropa de 275 homens. Em 2004, comandou o 34º Batalhão de Polícia Militar de Minas Gerais, na Região Noroeste de Belo Horizonte. Neste, entre homens e mulheres, Luciene chefiou 800 pessoas. Precursora naquilo que faz, Luciene foi a primeira mulher a conquistar a patente máxima de coronel em Minas Gerais, seguindo carreira na PM.

Paraná
A Delegacia de Homicídios de Curitiba será chefiada, este ano, por Maritza Maíra Haisi. Ela exerce a profissão há 17 anos e já atuou em várias cidades do Paraná.
Antes de assumir como delegada titular a Delegacia de Homicídios da capital, ela era delegada chefe da 14ª Subdivisão Policial de Guarapuava, na região central do Paraná.
Na avaliação de Maritza Haisi, uma mulher assumir o comando da Polícia Civil do Rio de Janeiro abre portas para aquelas que têm intuito de construir carreira na instituição.
“É importante para a população saber que não importa ser homem ou mulher”, declarou a delegada. Ela disse ainda que é o início de uma nova era porque ainda é difícil para a mulher galgar cargos de chefia.
Sobre a profissão, Maritza Haisi declara que é fascinante a versatilidade do cargo porque, segundo ela, não se resume a teoria aprendida na Academia e nem ao técnico operacional. “Se eu tivesse uma filha, indicaria a profissão para ela”.


Rita Bizerra, com Universo Mulher

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