O sonho de Débora Rodrigues de virar caminhoneira vinha de infância.
Apesar da falta de apoio do pai, que ficou anos sem falar com ela por não querer que a filha seguisse seus passos, Débora chegou lá por um caminho não convencional, e estreou (18/04) na pista do Autódromo de Jacarepaguá, pelo Sul-Americano de Fórmula Truck, como a única mulher da categoria no mundo.
Com o mesmo espírito guerreiro que a fez se juntar ao Movimento Sem Terra, do qual se tornou musa e de onde saiu para a capa da Playboy, em 1997, Débora abriu espaço num esporte dominado por homens.
— Tive que provar que não era uma Penélope Charmosa, e consegui. Subi ao pódio diversas vezes. Tem piloto que está há muito tempo aí e nunca chegou lá — diz a piloto, que até hoje, 12 anos após a estreia, sente o preconceito, sobretudo na hora da ultrapassagem: — Como sou a única mulher, ninguém quer ser ultrapassado por mim. Tenho que abrir caminho trocando tinta.
Patrão e marido
Contra as dificuldades, Débora encontrou no bicampeão Renato Martins o apoio de que precisava e, como resultado, estão juntos há 12 anos.
O piloto, é ao mesmo tempo, dono da equipe, concorrente, marido e ídolo. As funções, porém, são bem divididas.
— Temos um acordo: ele manda nos boxes, mas em casa quem manda sou eu — afirma Débora.
Renato, que tinha três filhos antes do casamento, e Débora, com dois, tiveram mais um, Renato, de 2 anos.
— Em casa a Débora é igual à esposa de todo mundo. A gente brinca, sai, faz comida — conta Renato, confessando que a convivência às vezes cobra seu preço:
— A gente briga muito, até porque passamos muito tempo juntos e os problemas aparecem mais.
A vaidade é uma das diferenças entre a Débora das pistas e a de casa.
— Aqui, estou preocupada com a corrida. Até chego nos boxes arrumada, mas, depois que entro no caminhão, não tem mais tempo de retocar — explica Débora.
Rita Bizerra, com PE
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