"Após entrevistar 46 mulheres ativistas e candidatas do Ennahda [partido islâmico da Tunísia, banido como grupo terrorista pelo ex-ditador Zine Abidine Ben Ali], descobri que muitas se voltaram para a política após experimentar discriminação no emprego, detenções ou anos de prisão. Para algumas, essa eleição tem a ver tanto com a liberdade religiosa quanto com qualquer outra coisa.", escreve Monica Marks, especialista em estudos do Oriente Médio da Universidade de Oxford, sobre a participação política das mulheres na Tunísia. Leia a seguir trechos selecionados desse artigo:
"Por causa de sua participação ativa na política partidária, as mulheres do Ennahda podem ser mais beneficiadas pela eleição do dia 23 do que qualquer outro grupo. Em maio, a Tunísia aprovou uma lei de paridade extremamente progressista, parecida com a da França, exigindo que sejam mulheres a metade dos candidatos do país."
"Partido há muito tempo reprimido, o Ennahda tem mais credibilidade do que outros grupos. Ele também tem um número de candidatas maior do que qualquer outro partido e, por isso, apoia a lei de paridade. Muitas tunisianas desenvolveram uma consciência política em reação à perseguição ao Ennahda movida por Ben Ali nos anos 90. Enquanto seus maridos, irmãos e filhos estavam na prisão, elas descobriram que tinham uma participação pessoal na política e a força de se sustentarem sozinhas como chefes de famílias. Quando o partido foi legalizado, em março, encontrou nelas uma ampla base de apoio."
"As feministas seculares da Tunísia, muitas admiradoras do secularismo francês, veem as mulheres do Ennahda como agentes involuntárias da própria submissão."
"Como foi vencedor nas eleições, o Ennahda enviará o maior bloco de mulheres parlamentares à Assembleia Constituinte de 217 membros. A questão agora é como elas governarão. Serão títeres do patriarcado islâmico ou apenas feministas que usam lenços na cabeça?"
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