Dilma termina o ano com popularidade em alta (FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR )
A avaliação do governo Dilma Rousseff e a aprovação pessoal da presidente registraram recorde na série histórica da pesquisa CNI/Ibope para o primeiro ano de mandato superando os índices obtidos por Lula e Fernando Henrique Cardoso. A corrupção, porém, foi o assunto mais lembrado sobre a administração de Dilma e as áreas como saúde, educação e segurança registram desaprovação. Há também visão negativa à forma como o governo tem agido no combate à inflação. Foram ouvidos 2.002 eleitores em 142 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
Para 56% dos eleitores entrevistados o governo Dilma é ótimo ou bom, cinco pontos percentuais a mais do que o registrado em setembro. Outros 32% avaliam a administração como regular. Para 9% o governo é ruim e 3% não opinaram. Com este índice positivo, a presidente supera a marca de 51% registrada em 2007, quando o ex-presidente Lula encerrava o primeiro ano de seu segundo mandato. Em 2003, a avaliação do governo dele teve 41% de ótimo e bom. No caso de FHC, por sua vez, o melhor resultado foi em 1995, quando tinha 43% de avaliação positiva ao seu governo.
O desempenho recorde de Dilma se repete também na sua avaliação individual. Ela conta com 72% de aprovação na pesquisa contra 21% que a desaprovam e 7% que não opinaram. Dono das melhores avaliações anteriores em relação ao início de mandato, Lula tinha 66% em 2003 e 65% em 2007. FHC alcançou 57% em 1995 e tinha 26% em 1999. Apenas em relação à confiança pessoal a presidente não conseguiu superar seu padrinho político neste comparativo histórico. Em 2003 Lula teve 69% neste quesito enquanto Dilma agora registra 68%. Apesar dos recordes da presidente, porém, para 28% dos eleitores sua administração é pior do que a de Lula enquanto apenas 12% a julgam melhor que o antecessor.
Blindagem
Para o gerente-executivo de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, Dilma parece conseguir se afastar das seguidas acusações de corrupção contra o seu governo. “Dilma conseguiu se blindar. Ela conseguiu se distanciar e as denúncias ficaram restritas aos ministros”.
O quê
ENTENDA A NOTÍCIA
A pesquisa mostra que a população tem acompanhado as seguidas denúncias de corrupção contra o governo. 23% dos entrevistados mencionaram as acusações contra o ex-ministro Lupi como o assunto mais lembrado em relação ao governo Dilma.
Entrevista coletiva de Dilma Rousseff
Em café de manhã com jornalistas, a presidente
Dilma Rousseff avisou que seu governo “não tem nenhum compromisso com qualquer prática inadequada”. “É tolerância zero”, afirmou, referindo-se a possíveis malfeitos dentro do seu governo. Ela evitou citar especificamente o caso do ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, novo alvo de denúncias de tráfico de influência. Assegurou que “não há dois pesos e duas medidas” no tratamento das denúncias e na demissão de ministros. “O que ocorrer dentro do governo não será tolerado”, garantiu.
Para a presidente, não houve momento de desgaste por conta da troca recorde de ministros em seu primeiro ano de governo. “Foi um momento de dificuldade. Não acho que foi um momento de desgaste. Lamento. Muitos ministros eram pessoas que eu considerava capazes. Mas o governo superou isso”, afirmou. Sobre a demissão do então ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, Dilma disse que ele saiu do governo porque quis. Ela lembrou que em muitos casos a pressão é tão forte que o próprio ministro decide sair. Veja agora a opinião de Dilma sobre outros temas:
Reforma ministerial:
Não haverá redução de pastas com a reforma ministerial que a presidente pretende fazer no início do ano. Ela chegou a ironizar as notícias que saem na imprensa sobre as mudanças. “Vocês vivem falando que vai ter reforma”. Ela fez questão de descartar a possibilidade de serem extintas pastas que ela considera estratégicas, como as secretarias de Igualdade Social e de Políticas para as Mulheres.
Reajuste do Judiciário:
Dilma afirmou ainda que o aumento dos salários do Judiciário “é uma questão do Congresso”. A presidente justificou, ainda, que o País ficaria fragilizado se tivesse uma política de gastos sem controle. Por isso, disse que “não é hora de dar reajuste a ninguém”, em referência ao aumentos salariais do funcionalismo público. “Não coaduna com o momento. Ninguém é melhor do que ninguém”, defendeu.
Questionada se o dinheiro para o reajuste não sairiam de uma mesma fonte do Tesouro Nacional e que o governo não teria como impedir que fosse concedido, a presidente evitou polemizar, falando que não faz análises sobre outros poderes. “Não compete a um presidente fazer isso”, disse. Dilma ressalvou, no entanto “que não é crime pedir aumento salarial. É algo que as categorias podem pedir”.
Crise e cenário econômico:
O Brasil está em uma situação melhor para enfrentar a crise no atual momento “porque temos recursos próprios. Temos mais do antes”, avaliou Dilma. A presidente informou que o Brasil aprendeu muito com a crise de 2009 e comentou críticas que o governo vem recebendo de que poderia enfrentar problemas no crédito. “Dizem que vamos ter problemas de crédito”, disse a presidente, explicando, no entanto, que o Brasil tem usado crédito para enfrentar a crise.
“Passamos de R$ 400 bilhões para quase R$ 2 trilhões. Na verdade, foram quase R$ 1,94 trilhão e nós não recorremos ao orçamento”, disse a presidente, lembrando que o governo tem instrumentos com o alto volume de depósitos compulsórios. “Temos margem de manobra na política monetária”, reagiu a presidente. “Temos capacidade de investimento, tanto do ponto de vista do governo, quanto da iniciativa privada”, declarou a presidente Dilma Rousseff.
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