Dentre os encaminhamentos da oficina “Diálogo com Mulheres Indígenas”, estão mapeamento de organizações e debate de temas e políticas relevantes para elas
O mapeamento de organizações de mulheres indígenas será o primeiro passo de continuidade à articulação iniciada pelo governo federal por meio de oficina, organizada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR). O encontro “Diálogo com Mulheres Indígenas” se encerrou na quinta-feira passada (13/12), em Brasília.
Estiveram presentes lideranças de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Roraima, Ceará, São Paulo, Rio Grande do Sul, Tocantins, Pernambuco, Amazonas e Rondônia, representando os povos Xavante, Aarapasso, Macuxi, Pitaguari, Guarani, Charrua, Kaiagang, Terena, Pankararu, Tuakno, Aripunã, Katuki, entre outros.
De acordo com a diretora de Articulação Institucional e Ações Temáticas da SPM, Rosangela Rigo, a ideia do diálogo é ampliar a participação das mulheres indígenas na definição e alcance das políticas públicas e nos temas prioritários para elas. "A proposta é que possamos construir, de forma conjunta, ouvindo as mulheres indígenas para que as políticas públicas possam de fato contribuir com a vida e o cotidiano delas de forma positiva, respeitando suas diferenças, seus povos e nações", explicou a diretora.
A coordenadora-geral de Diversidade da SPM, Lurdinha Rodrigues, lembrou que esse espaço nacional de diálogo não visa substituir fóruns institucionalizados já existentes. Ela lembrou a importância da participação e controle social, por meio de conferências e conselhos nacionais.
Para a líder Rosimere Maria Vieira Teles, da etnia Aarapasso, do Amazonas, “o espaço de diálogo vai ajudar a dar voz a todas as mulheres indígenas”.
“Apresentamos aqui o que tem nos perturbado, nossas demandas. O governo precisa estar ciente que está lidando com uma diversidade sociocultural muito forte. Esse espaço nacional de diálogo precisa ser ocupado com qualidade”, considerou a líder indígena de Mato Grosso Chiquinha Paresi.
A coordenadora de Gênero e Assuntos Geracionais da Funai, Léia Bezerra, reafirmou a importância de diálogo permanente com as mulheres indígenas para fortalecer as políticas públicas e para responder as demandas e especificidades delas.
Liderança nas aldeias - Durante a oficina, que se iniciou na terça-feira (11/12), as indígenas puderam conhecer um pouco mais as políticas públicas para as mulheres e debater as questões de gênero em seu contexto social. Elas denunciaram e apresentaram ao governo questionamentos frente a diferentes situações que ocorrem em suas aldeias relacionadas à saúde, educação, violência de gênero, demarcação de terras, entre outros.
Das cerca de 20 lideranças presentes à oficina, duas ocupam posições de destaque em suas aldeias: são caciques escolhidas, ou melhor, "cacicas" – termo ajustado à linguagem de gênero feminino, conforme defendido pelas participantes da oficina. Elas exercem autoridade máxima em suas comunidades.
Maria das Graças Soares de Araújo, a cacica “Nina”, é líder da aldeia Katuki, na cidade de Pariconga (AL), desde 1999. “Espero que o trabalho desses três dias seja respeitado e que tenhamos retorno. Esse espaço de diálogo é um grande avanço para a mulher indígena, que conquista cada dia que passa seu lugar”, declarou.
Já Enir da Silva Bezerra é cacica desde 2008. É da etnia Terena, na aldeia urbana de Marsau de Sousa, localizada em Campo Grande (MS). Ela avalia que a mulher indígena está discutindo os problemas de seu povo com mais maturidade, sabendo colocar suas posições. Mas antes não era assim. “Estou no movimento indígena desde 1987 e nessa época quase não havia mulheres nesses espaços. A mulher indígena, muitas vezes, não fala por medo, por não saber falar a língua. Isso aqui é o começo para que ela se aproxime mais desse diálogo”, analisou. Ela frisou que é perceptível o avanço na interlocução, pois “anos atrás, a gente falava apenas entre nós. Hoje, falamos com o governo”, disse.
O evento organizado pela FUNAI e SPM teve também a presença da coordenadora-geral de Fortalecimento da Rede de Atendimento da SPM, Gláucia Helena de Souza. Participaram da oficina, as seguintes organizações: União das Mulheres Indígenas da Amazônia Brasileira (UMIAB), Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpinsul), Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME), Conselho Nacional da Mulher Indígena (Conami), Organização Indígena de Roraima (Omir), Articulação das Mulheres Indígenas do Estado do Ceará (AMI-CE), Organização de Mulheres Indígenas Takina e Instituto Teko Arandu – Memória Viva Guarani (ITA).
Comunicação Social
Secretaria de Políticas para as Mulheres – SPM
Presidência da República – PR
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