Cuidar da casa, dos filhos, dar atenção ao marido, administrar a carreira e ainda por cima ter tempo para si. Embora não sejam super-heroínas, as mulheres estão quase lá. Mas, na opinião da psicóloga clínica Maria Aparecida das Neves, esse acúmulo de funções pode ser bem estressante, e o ideal é contar com a colaboração do companheiro neste dia a dia atribulado.
"A mulher tem uma capacidade de acumular funções, no entanto, é fundamental entender que precisa da ajuda do parceiro, porque senão corre o risco de deixar brechas, seja no lado profissional, seja no pessoal", adverte a especialista. Já a professora de Sociologia Bila Sorj, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que o grande dilema feminino é a busca pela individualização.
Para ela, é preciso dedicar um tempo para si mesma, porém, muitas vezes, isso é dificultado pela dupla jornada que as mulheres assumem. "Acho também que é preciso haver mais equilíbrio entre as responsabilidades de homens e mulheres", defende. Um conselho: apesar da rotina atribulada e da correria diária, reserve um espaço na agenda para fazer algo de que goste, seja ler um livro, ver um filme, praticar algum hobby.
Vivendo em equilíbrio
"Você tem que estar bem consigo mesma para conseguir conciliar as atividades", afirma a psicóloga Maria Aparecida. Agora, se hoje é comum você ver uma mulher desdobrando-se em mil para desempenhar todos esses papéis, saiba que no começo do século passado as coisas eram bem diferentes. Observar três gerações de uma família pode ajudar a ter noção das mudanças estruturais que ocorreram em tão pouco tempo.
A dona de casa Rita Deborah Berg, de 77 anos, conta que foi criada para administrar o lar, mas que trabalhou com o pai por um ano, já que ele tinha a preocupação de não deixá-la ociosa. "Exerci uma atividade profissional até conhecer meu marido, aos 18 anos, e depois larguei tudo para me dedicar à família", lembra Rita, que nasceu na Holanda e veio para o Brasil com quatro anos. Depois de 22 anos casada, ela divorciou-se, acontecimento ainda raro na época.
A filha mais velha dela, Vivian Malka Lion, de 56 anos, já escolheu outro caminho. Ao contrário da mãe, que só tinha o Ensino Médio, a carioca fez faculdade de comunicação, com ênfase em Relações Públicas, e trabalhou desde cedo. Seu primeiro marido, porém, a fez largar o emprego de secretária júnior depois do casamento.
Depois que se divorciaram, Vivian nunca mais deixou de trabalhar, e hoje é escrevente técnico judiciário no Tribunal de Justiça Estadual de São Paulo. A mudança é ainda mais radical na próxima geração, com a filha mais velha dela, Ilana Midori Yamaki, de 30 anos.
Ela coloca sua carreira, de assistente financeira, como prioridade. Casada há três anos e meio com Fabiano, Ilana até pensa em ter filhos, mas ainda não sabe quando. Essa, aliás, é uma diferença em relação à avó, que foi mãe aos 21 anos, e à própria mãe, que deu à luz com 26 anos. Três mulheres de uma mesma família que representam bem as mudanças que ocorreram entre os séculos 20 e 21. E Ilana já conta com a ajuda do companheiro para dividir as tarefas no lar. Conquistas dos novos tempos! Afinal, apenas em equilíbrio com os afazeres é que a mulher consegue ser plena em todos os aspectos da vida.
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