29% das entrevistadas no estudo afirmaram ter sido espancadas, ofendidas, ameaçadas, agarradas, perseguidas, esfaqueadas, empurradas ou chutadas
Violência: "Os resultados da pesquisa mostram que a violência faz parte da gramática dos relacionamentos no país e que é algo socialmente tolerado" (Thinkstock/Thinkstock)
Uma em cada três brasileiras maiores de 16 anos declarou ter sido vítima de violência física, verbal ou psicológica no último ano, revelou uma pesquisa divulgada nesta quarta-feira.
O estudo, intitulado “Visível e invisível: a vitimização de mulheres no Brasil” mostrou que 29% das entrevistadas afirmaram ter sido espancadas, ofendidas, ameaçadas, agarradas, perseguidas, esfaqueadas, empurradas ou chutadas nos últimos 12 meses.
A pesquisa revela que 503 mulheres foram vítimas de agressões físicas por hora no Brasil e que dois em cada três brasileiros (66%) foram testemunha de alguma agressão física ou verbal contra mulheres no mesmo período.
A pesquisa foi realizada pelo Datafolha a pedido da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“Os resultados da pesquisa mostram que a violência faz parte da gramática dos relacionamentos no país e que é algo socialmente tolerado”, afirmou Samira Bueno, diretora-executiva do Fórum.
Em 61% dos casos relatados, o agressor era conhecido da vítima. As agressões ocorreram principalmente dentro de casa (43%) e na rua (39%), mas também no trabalho (5%) e em casas noturnas (5%), e 45% das vítimas tinham entre 16 e 24 anos.
A pesquisa mostrou, ainda, que mais mulheres negras (32%) e pardas (31%) relataram ter sofrido violência do que as brancas (25%).
Em relação ao assédio, 89% das mulheres negras declarou ter sofrido comentários desrespeitosos e contatos físicos indesejados, em comparação com 35% das brancas.
Segundo a pesquisa, 52% das mulheres que declararam ter sido vítimas de violência não tomaram nenhuma medida, enquanto 48% procuraram ajuda da família, de amigos, de igrejas, de delegacias da mulher e de delegacias comuns.
Em 2006, o país aprovou a Lei Maria da Penha, para combater a violência machista.
A norma foi batizada com o nome de uma ativista e bioquímica que lutou durante anos para que seu marido fosse condenado por tentar assassiná-la duas vezes e por deixá-la paraplégica.
O Datafolha entrevistou 2.073 mulheres entre 9 e 11 de fevereiro, e os dados têm uma margem de erro de três pontos percentuais.
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