Pular para o conteúdo principal

MPPB divulgou quase 3.500 denúncias agressores de mulheres na Paraíba




A cada duas horas e meia, um agressor de mulheres é denunciado pelas promotorias de Justiça no Estado da Paraíba. De acordo com dados disponibilizados pela Corregedoria do Ministério Público da Paraíba (MPPB), no ano passado, foram oferecidas 3.469 denúncias relacionadas à violência doméstica e familiar contra a mulher. O número é 26% maior do que o registrado em 2015 (2.744 denúncias oferecidas).


E não foi só o número de denúncias que aumentou. O número de medidas protetivas requeridas pelo MPPB nos casos onde houve risco iminente às integridades física e psicológica da mulher também cresceu 87% nesse mesmo período. Em 2015, foram feitos 342 requerimentos de medidas protetivas para mulheres vítimas de violência doméstica, em todo o Estado. No ano passado, foram 641 requerimentos.


Segundo a promotora de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica da Capital, Rosane Araújo, a problemática atinge mulheres de todas as classes sociais e níveis de escolaridade. Em entrevista concedida ao programa “MPTV”, ela falou sobre a importância da Lei 11.340/2006 (conhecida como “Lei Maria da Penha”) para o enfrentamento e combate a esse tipo de violência.


“A violência doméstica contra a mulher tanto atinge a alta executiva, como a professora universitária e a mulher campesina, do campo. Ela é indistinta, porque essa relação de gênero é uma relação de domínio e que nós, mulheres, carregamos ao longo desse DNA que é passado, de geração em geração, ainda como seres inferiores, ou de valor diminuto, em relação aos homens. A Lei Maria da Penha é um instrumento valiosíssimo porque tem mecanismos não só para reprimir (combater, processar o homem e fazer com que ele responda criminalmente), mas especialmente, possui mecanismos de prevenção que é para a gente desconstruir essa cultura”, destacou.



O Ministério Público estadual tem desempenhado papel importante no enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a mulher, na Paraíba. Além das promotorias criminais, foram criadas nos últimos anos, duas promotorias especializadas na temática na Capital e em Campina Grande. Elas são responsáveis por assegurar direitos e políticas públicas e garantir a segurança de mulheres que vivem esse drama.



O problema também foi escolhido como um dos dez temas prioritários do Planejamento Estratégico do MPPB para atuação das promotorias e procuradorias de Justiça, nos próximos cinco anos. A escolha foi feita em plenária realizada na última sexta-feira (10), na sede da Procuradoria-Geral de Justiça, na Capital, com a aprovação popular obtida nas consultas públicas promovidas pela Secretaria de Planejamento e Gestão do MP, em 17 municípios paraibanos, no final de 2016 e início deste ano.



Violência contra mulher



De acordo com o artigo 5º da “Lei Maria da Penha”, a violência doméstica ocorre quando há “qualquer ação ou omissão baseada em gênero que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial”.



O psicólogo da Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher, Carlos Guimarães, explica que, com a agressão, muitas mulheres acabam desenvolvendo sequelas, psicológicas ou físicas, o que requer um acompanhamento de reabilitação psicossocial.



Ele também destacou as dificuldades que muitas mulheres vítimas de violência doméstica e familiar se deparam para romper com esse ciclo. “Os entraves são múltiplos, e, na maioria das vezes, passam despercebidos pela vítima, dificultando a ação do trabalho dos psicólogos. Tem o nível psicológico, social e cultural. No psicológico, o principal problema é a autoestima, a vergonha e o medo de ficar desamparada. Se ela for muito dependente emocionalmente do agressor, acaba achando que é a culpada pela agressão. Isso também tem uma influência cultural forte, principalmente, nos dias de hoje, em que está voltando uma onda conservadora, em que a mulher é vista como inferior e dependente do homem. Há a vergonha pública de ser uma vítima que apanhou do marido. Isso tudo é entrave”, exemplificou.



Medidas protetivas



O artigo 22 da “Lei Maria da Penha” assegura, de imediato, medidas protetivas às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar, como o afastamento do agressor do lar, a suspensão da posse ou a restrição do porte de armas, a restrição ou suspensão de visitas, além de proibir a aproximação do agressor da vítima, familiares e testemunhas.



Já o artigo 24 estabelece que, em caso de risco de morte da mulher, o juiz pode aplicar outras medidas protetivas, como determinar o acolhimento dela e de seus filhos em casa-abrigo ou lugar protegido, além do afastamento da mulher do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos e alimentos.



Rede de proteção às vítimas



Na Paraíba, a rede de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar é formada por serviços como “Disque Denúncia”, da Polícia Civil (190), a Central de Atendimento à Mulher (180) e o Ministério Público estadual. Nas cidades de João Pessoa e Campina Grande a vítima pode, ainda, procurar a Promotoria de Justiça de Defesa da Mulher, o Juizado Especial de Violência Doméstica, a Delegacia da Mulher e os Centros de Referência da Mulher de cada município, respectivamente.


Da Redação com MPPB




Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Perfil da Mulher Paraibana e a Política

A coragem, a resistência , a postura de honradez, enfim, as virtudes da mulher paraibana não é uma fonte de estudo esgotável, nem tampouco, explorada por estudiosos de comportamento humano, todavia, ainda se é percebido mundialmente, o sexo feminino, em posição secundária. Nesse blog, www.paraibamulhermacho.blogspot.com, nós vamos conhecer o cotidiano dessa mulher, valorizando a sua construção de imagem, não apenas de si própria, mas, do seu mundo, da sua capacidade de transformação, das suas habilidades de assumir responsabilidades dentro da sociedade na qual vive com resiliência. A mulher paraibana, não é de um perfil que se exija ser venerada e/ou que a sociedade institua regras de como ela deve ser ou agir. A mulher paraibana que em outros tempos, se casava com um noivo escolhido pelo pai, sem ao menos conhecê-lo, ou era raptada pelo  rapaz que amava para não casar-se com aquele, hoje, decide se casa-se ou permanece solteira para ter a rédia da sua vida pessoal e prof

Aconteceu na Princesinha do Vale “O Mais Lindo São João do Mundo”, em 2019

A Princesinha do Vale é a cidade de Olho d’Água, no Vale do Piancó, no Sertão da Paraíba Foto aérea do São João de Olho d'Água O impacto na mudança do estilo de realização do São João de Patos rendeu para a minha Princesinha do Vale, que se destacou neste ano de 2019 no meu olhar e de muitas pessoas, como “O Mais Lindo São João do Mundo” e comprovamos já na foto de capa desta matéria, onde mostramos a arte de ornamentação da nossa amiga Fernanda e discorremos essa comprovação nas demais fotos que você poderá apreciar no final da matéria. O nosso São João já é tradicional há “anos luz” quando eu, nem sabia o que era mundo e há cada anos os gestores e organizadores da festa têm se empenhado para melhor, mas, considerando os altos e baixos dos acontecimentos, o nosso São João tem evoluído e este ano ele deu um salto de qualidade na ornamentação, na efetividade, na afetividade dos reencontros e, sobretudo, na animação e alegria. O nosso Pároco Padre Erivaldo é um Pastor

EXCLUSIVA: Tarciano Wanderley usa o feriado de Corpus Christi para articular a inclusão das pessoas com deficiências no São João de Sousa

O que você está fazendo no seu feriado de Corpus Christi, Taciano Wanderley desafiou o calor e o tráfego da Rodovia Antonio Mariz que liga Patos à cidade Sorriso (Sousa) para atender à solicitação de uma moça através de um áudio, que sugeria: "...já que não tem São João na cidade de Patos, porque você não traz o Camarote 0800 para a cidade de Sousa, onde os deficientes não conseguem ver nada da festa, soltos no meio da multidão." Para quem não acompanha a vida de Tarciano Wanderley, e desconhece a sua trajetória, o Paraíba Mulher Macho, que tem a proposta de mostrar boas notícias vai esclarecer de forma resumida, como é a caminhada desse patoense nas últimas décadas. Tarciano que é paraplégico e se mobiliza sobre rodas decidiu se dedicar a facilitar a vida das pessoas com deficiência que a sua vista alcançar e iniciou esse processo transformando em rampas os possíveis degraus de acessos a ambientes públicos, na cidade de Patos e com a ajuda de amigos foi amp